A família Flaviviridae tem o gênero Flavivirus, o qual engloba: febre amarela; dengue 1, 2, 3 e 4, vírus West Niles, vírus da encefalite de St. Louis, vírus da encefalite Murray Valley, encefalites do carrapato e outros. Todos os flavivírus têm em comum um envoltório protetor protéico com epítopos em toda sua extensão.
Arbovírus:
Arbovírus é o termo usado para um vírus que se transmite aos humanos através dos insetos (mosquitos), os quais se contagiam ao picar animais infectados, como os animais silvestres e pássaros domésticos.
O vírus do dengue é um vírus zoonótico (doença animal transmitida ao homem) transmitido por artrópodos através da sucção de sangue.
AR = artrópode
BO = borne
VÍRUS = vírus
Refere-se a um vírus que é essencialmente transmitido ao homem por vetores artrópodes, como os mosquitos. O termo arbovírus não é incluído na classificação taxonômica de vírus. Os arbovírus do grupo B chamam-se agora flavivírus. Existem mais de 50 identificados.
Ficam armazenados no corpo de artrópodes e por vezes proliferam, sem causar dano ao animal. Podem ter morfologia esférica ou em bastonete e o seu tamanho varia (30-180nm). Geralmente têm genomas de RNA. Foram identificados até à data cerca de 200 arbovírus.
O flavivírus do dengue é um vírus envelopado, esférico e com diâmetro entre 40 e 60 nm. Seu nucleocapsídeo é envolto por uma dupla camada de lipídeos; contém uma cadeia única de RNA sense, de aproximadamente 10,5kb. Seu genoma apresenta uma terminação 5´CAP e uma terminação 3´ poliadenilada.
O vírus do dengue é o mais importante flavivírus que causa doença em humanos no Brasil. Sob o ponto de vista geográfico, é o arbovírus mais difundido em diferentes partes do mundo, sendo encontrado em áreas tropicais e subtropicais, onde aproximadamente 3 milhões de pessoas estão em risco de infecção.
O dengue foi identificado em mais de 100 países e 2,5 bilhões de pessoas vivem em áreas endêmicas. Ocorrem de 50 a 100 milhões de infecções/ano, dependendo da atividade epidêmica do vírus, com centenas de milhares de casos da forma severa da doença e milhares de mortes (cerca de 25.000/ano).
Tipos virais:
Há quatro tipos sorologicamente distintos do vírus da dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Eles são antigenicamente diferentes e não induzem proteção imunológica cruzada, mas têm a mesma epidemiologia e causam doenças semelhantes em humanos. Todos os sorotipos do vírus mantêm um ciclo que envolve hospedeiros humanos e mosquitos Aedes aegypti como vetores.
Todos podem causar tanto a forma clássica da doença quanto o dengue hemorrágico. Contudo, o Den-3 parece ser o tipo mais virulento, isto é, o que causa formas mais graves da moléstia, seguido pelo Den-2, Den-4 e Den-1. O Den-4, por si só, não é a forma mais agressiva do vírus, estando raramente associado à dengue hemorrágica.
As origens dos vírus da dengue em circulação no Brasil foram determinadas com base em estudos filogenéticos de seqüências nucleotídicas, sendo os isolados de DEN-1 oriundos do Caribe e os isolados de DEN-2 mais especificamente da Jamaica, tendo ambos os vírus provavelmente sido introduzidos pelo Caribe. O vírus DEN-3 foi isolado no Brasil pela primeira vez em 1999 de um paciente que voltou da Nicarágua.
Vírus Imaturo
A virulência é diretamente proporcional à intensidade com que o vírus se multiplica no corpo. O tipo 1 é o mais explosivo dos quatro, ou seja, causa grandes epidemias em curto prazo e alcança milhares de pessoas rapidamente.
Uma pesquisa recentemente publicada na Revista Science (março 2008) coordenada por Michael Rossmann, da Universidade Purdue, elucida um passo importante do ciclo de vida do virus do dengue.
A dificuldade enfrentada pelo vírus imaturo da dengue, explicam os pesquisadores, é lidar com o ambiente ácido das regiões da célula onde se desenvolve. O vírus é “montado”, ou seja, amadurecido nas áreas conhecidas como retículo endoplasmático e complexo de Golgi (compartimentos da célula cercados por uma rede de membranas).
Essas membranas são um ambiente tão ácido quanto a membrana geral das próprias células, o que induz, no vírus, a fusão com a membrana que lhe permite invadir o ambiente celular. Se o vírus se fundisse às membranas do retículo e do complexo de Golgi, perderia a capacidade de sair da célula em que está e infectar outras.
O que os pesquisadores descobriram é que, quando está no interior dos compartimentos celulares, o vírus possui a proteção de uma proteína denominada prM, impedindo-o de se fundir às membranas da célula hospedeira. É só quando o vírus está pronto para sair da célula e invadir outra é que a prM se desliga do vírus. Se for possível interferir nesse processo, abre-se o caminho para a criação de drogas capazes de impedir a invasão de novas células pelo vírus do dengue.